Perguntas frequentes 

CORRENTE

Como entrar para a corrente?

Para se tornar parte da corrente da casa do Vô Benedito existem duas formas. A primeira é quando a entidade-chefe (Guias do Pai-de-Santo) convida a pessoa a iniciar a sua jornada no grupo. A segunda é por vontade da própria pessoa que deve solicitar seu ingresso falando com um dos guias da Casa. No caso de haver concordância, o postulante deverá participar inicialmente de 7 giras - na assistência (assinando o livro de presença) e então voltar a falar com uma entidade-chefe para receber orientações adicionais ou autorização para vir de branco - ou seja, ingressar na corrente mediúnica.

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Qual a hierarquia física de organização do terreiro? (pais e mães; capitães; etc?)

Pai de Santo: Pai Antonio de Oxóssi

Pai/Mãe Pequenos: Pai Fábio de Ogum; e Mãe Anna de Iansã

Capitães de Gira: Cristina (Titi), Carlos Eduardo, Paulo e Juliana

Capitães de Curimba: Bernardo, Carlos e Joana

Capitão de Porteira: Guillaume

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Qual a hierarquia espiritual do terreiro? (Oxóssi/Iemanjá; Preto/Caboclo/Exu?)

A hierarquia das entidades chefe seguem a hierarquia física do terreiro. Ou seja, primeiro são as entidades do pai de santo, seguidas pelos guias do pai/mãe pequenos e em sequência dos capitães. São responsáveis por direcionar a gira e garantir que o trabalho está sendo realizado dentro das regras da casa.

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Por que ficamos em posição de corrente, lado a lado, e não em posição aleatória (um na frente do outro, por exemplo)?

O nome corrente talvez seja auto explicativo. São elos que formam uma das forças da gira, dão sustentação e segurança, isolam e protegem a realização dos trabalhos impedindo que más energias circulem ou venham a causar transtornos.

Qual a importância de se manter o “círculo” em volta dos trabalhos, por médiuns da corrente, mesmo quando muitos estão trabalhando incorporados? Qual a importância de não deixar grandes “buracos” na corrente?

O mesmo sentido da corrente: criar um campo de força protetivo.

O que significa ser cambone/cambonear alguém?

Cambone é o nome dado ao médium na corrente que ajuda o médium de toco durante as consultas.

As funções do cambone consistem, basicamente, em: auxiliar as entidades e o médium de toco na preparação e no decorrer do atendimento:

1) materialmente (alcançando os instrumentos de uso da entidade - pemba, velas, ponteiros, bebida, fósforo, tabua, charutos, palheiros, cigarros, ervas, dentre outros) - cuidar e ajudar o médium de toco a recolher e/ou descartar o material utilizado durante as consultas - apagar velas, descartar materiais e etc;

2) espiritualmente, como mais um médium - embora não incorporado - mas com a intuição aguçada nas questões que estão sendo tratadas na consulta; estar atento ao trabalho que a entidade está realizando; orientar o consulente quanto à mensagem da entidade, quando for necessário (orientações de banhos, novas consultas, vibrações, dentre outros); 

3) socialmente: auxiliando o consulente a se localizar diante da Entidade (nome, linha e etc); dar informações quando necessário sobre a Umbanda e o Terreiro.  Toda Consulta é sigilosa, isso é, o Cambone deverá guardar a privacidade do consulente, mantendo a discrição sobre o teor das consultas. O sigilo poderá ser quebrado em casos que envolvam risco de vida e/ou trabalhos realizados fora da norma da Casa. Nestes casos, o Cambone deverá chamar imediatamente alguém da Hierarquia. 

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RITUAIS

Qual o significado dos três pontos, feitos com a mão no chão, antes de entrar no local dos trabalhos, no terreiro? A posição em que são batidos é importante (forma-se um triângulo?)

Esta saudação é para entrar no espaço sagrado da casa (separado da assistência pelas cordas), ou seja, um pedido de licença e um sinal de respeito e reverência ao cruzar a fronteira entre o profano (mundano) e o sagrado. Ainda, como o terreiro é composto por uma estrutura física e outra espiritual, o tocar três vezes no chão é um pedido para, além de entrar fisicamente, também adentrar ao campo espiritual da casa.

Pode ser entendida também como uma reverência ao número 3, mágico e cabalístico, o qual possui vários significados: 

- 3 princípios da Umbanda - Fé, Amor e Caridade;

- 3 linhas de Umbanda: Preto-Velho, Caboclo, Eres = 3 fases da vida: infância, adulta e velhice;

- 3 Orís, de frente, ancestral e adjuntó;

- 3 mundos: Superior, Humano e Inferior;

- Santíssima Trindade (Olorum, Oxalá e Ifa - o Pai, o Filho e Espírito Santo).

Em geral, sempre que se toca em algo considerado sagrado no terreiro (atabaques, congá, firmezas, velas, dentre outros) deve ser feita a saudação com os 3 toques.

É realizado também pelo cambone, batendo com a mão 3 vezes no solo ao lado da tábua, em sinal de pedido de licença, respeito à entidade e agradecimento.

Não há uma posição a ser batido no chão, podendo ser em triângulo (o triângulo, em si, também é um símbolo mágico. Há autores que colocam o triângulo como um símbolo do infinito, relacionando-o, justamente, ao numero 3) ou somente 3 batidas no chão.

Recomendamos a leitura do texto da Mãe Anna: Elementos de Liturgia na Umbanda (bate cabeça - consagração – imantação – cruzamento)

Qual o significado e quais os pontos são tocados na cabeça, antes de entrar no local dos trabalhos, logo após tocar o chão nos três pontos (pergunta anterior)?

É também uma saudação, um processo de conexão com nossos Chacras correspondentes e de reconexão com o sagrado, com nós mesmos e com o ambiente sagrado do terreiro.

Eles correspondem aos toques na testa (Orixá de frente), na têmpora ou alto da cabeça (Orixá Ancestral) e na nuca/ parte de trás da cabeça (Orixá adjuntó).

Qual a importância/significado de acender a vela do anjo, no terreiro, no início dos trabalhos? Ela ainda é necessária se há uma vela de 7 dias acessa em casa? (Há necessidade da vela em casa?)

Acender a vela para o anjo da guarda é o primeiro movimento de introspecção e ligação do médium com o trabalho espiritual a ser realizado no terreiro. 

Este ritual serve para firmar o propósito de sua entrega ao trabalho e pedido de proteção.

Não é necessário acender velas em casa, salvo se houver alguma orientação específica dada por alguma Entidade, pois há constantemente um vela de 7 dias iluminado sua quartinha no terreiro. Porém, caso você acenda uma vela, tenha o máximo de cuidado com relação aos procedimentos de segurança contra fogo e possibilidade de inicio de incêndio. 

Como acender a vela do anjo? (Consagrar, elevar acima da cabeça?)

O médium deve concentrar-se, pegar a vela branca, fazer o sinal da cruz na base da vela com as unhas - marcando a vela, simbolizando que há uma intencionalidade específicas para aquela luz - e, após esta marca de intencionalidade, acender a vela.

Com a vela acessa, elevar seus pensamentos e a vela também até a altura de sua cabeça (para saudar, energizar o seu orí) e depois colocá-la no forminha, em atitude silenciosa, colocando os desejos a agradecimentos que tem a intenção de incluir neste dia, bem como pedindo proteção e firmeza para si no decorrer dos trabalhos.

Após colocar a vela no potinho, sair de forma silenciosa e concentrada para o trabalho que logo irá iniciar.

Quais são os preceitos que esta casa recomenda (ou impõe) aos médiuns? Qual a importância e significado de cada um?  Em especial: quanto à não ingestão de carne, seria uma recomendação para além dos dias de gira?

O preceito é um procedimento que prepara o médium para o trabalho espiritual. Ele pode ser entendido como um ritual de limpeza sob dois aspectos vibracionais/energéticos: espiritual/emocional e físico. A preparação deve ser feita com, pelo menos, 24h de antecedência do horário de início do trabalho.

De maneira resumida, os preceitos espirituais são: 1) ter pensamentos positivos; 2) adotar uma atitude pacificadora; 3) evitar ambientes onde há muito desequilíbrio energético.

Já os preceitos físicos são: 1) não comer carne (bovina, suína e de frango); o peixe pode excepcionalmente, caso o médium não consiga ficar sem algum tipo de proteína animal, porém aconselha-se evitá-lo também; 2) não ingerir álcool ou substancias psicoativas; 3) não ter atividade sexual (24 horas antes do trabalho mediúnico ou de 3 dias para ritos específicos como Amaci, Batismo e Cruzamentos).

O preceito principal da casa e que deve ser praticado todos os dias é ORAI E VIGIAI.

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O não cumprimento de preceito por parte de um, ou alguns, dos médiuns influencia no trabalho/desenvolvimento de outros médiuns (que cumpriram o preceito) ou mesmo influencia nos trabalhos da casa?

Primeiramente, o maior prejudicado é a própria pessoa que não buscou o preparo adequado, podendo ficar suscetível a baixas frequências, frágil emocionalmente e até podendo sofrer fisicamente com enjoos e dores de cabeça, por exemplo.

Quanto aos trabalhos da casa, pode vir sim a causar uma dificuldade maior no cumprimento do dever/tarefa a ser realizada, pois, quando temos tal vulnerabilidade na corrente, há dificuldade de concentração, entrega, alinhamento e assim por diante, exigindo um esforço extra de todos, inclusive de seus guias.

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O que é Orixá de frente e adjuntó? E o que significa "jogar o obi"?

O Orixá de frente é aquele que rege e influencia a vida do médium nesta encarnação ou em um determinado período ou ciclo da sua vida. O Orixá adjuntó complementa a influência do Orixá de frente, trazendo características complementares. Normalmente, trabalha-se com o principio da polaridade Masculino e Feminino, isto é, se seu Orixá de frente for Masculino, o seu Orixá Adjuntó será Feminino e vice-versa.

Apesar do médium apresentar com maior evidência as características de seus respectivos Orixás de Frente e Adjuntó, todos temos a vibração de todos os Orixás em nosso ser, porém, de uma forma hierarquizada de acordo com a influência que cada um exerce sobre nós. Não é necessário saber como esta ordem é colocada, a não ser que você venha a ser um Pai/Mãe de Santo.

Normalmente, em nossa Casa, para se saber qual é o seu Orixá de frente ou adjuntó, é feito o jogo do obi (uma semente africana de cor vermelha e com quatro gomos), que é utilizado como oráculo e cujo ritual só pode ser realizado pelo Pai de Santo, mediante solicitação prévia.

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Qual é o significado do ritual do Amaci?

É um dos principais Ritos iniciáticos da Umbanda, que tem como princípio a conexão de seu Orí (sua essência - alma/espírito) com a energia de seu Orixá - sua fonte energética nutridora. É uma religação com a sua energia original.

Esta cerimônia pode ser repetida anualmente para reforçar e revitalizar seu Orí.

O ritual consiste, basicamente, em uma lavagem de cabeça (Orí) com um preparo de água com ervas referentes ao seu Orixá. Somente o Pai de Santo, que é responsável pelo desenvolvimento do médium, pode realizar esse ritual.

As ervas da lavagem que tiveram contato com seu Orí são guardadas na quartinha, que são "alimentadas" constantemente pela luz de uma vela na cor do seu Orixá e cuidadas pelo Pai de Santo.

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Qual a importância e utilidade do pano de cabeça (do amaci)?

Ele serve para proteger o Orí que foi banhado e também serve para ser usado quando se bate a cabeça no ritual de abertura.

Por que e como armazenar as ervas utilizadas no amaci?

Por que elas estão imantadas com as energias de seu Orixá e do seu Orí. Esta manutenção significa que, na casa onde está a sua quartinha, você será cuidado pelo dirigente local e irá desenvolver suas relações com a espiritualidade.

Por isso, no caso de algum filho sair da Casa, é feita a desmagnetização (baixa) da quartinha, para liberar estas ligações energéticas.

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Qual o significado do ritual do Amalá?

É o ritual de conexão com o Orixá. Esta conexão pode ser para pedir, agradecer ou reverenciar as forças daquele Orixá. Normalmente, é feito por meio da oferta (oferenda) de elementos relacionados ao domínio daquele Orixá que se está reverenciando. Por exemplo, flores, frutos, líquidos, plantas entre outros, que criam um campo de força entre as partes (Orixás/Entidades e o Médium).

Na nossa Casa, não oferecemos comidas com sangue animal, nem carnes em nossos Amalás. Para cada Orixá, há uma lista de elementos possíveis a serem utilizados.

No rito do Terreiro, os Amalás são coletivos e compartilhados com os médiuns. Eles são feitos durante giras comemorativas e também na Gira de Mata, na qual todos os Orixás e Entidades são reverenciadas, pois está é uma obrigação anual dos Umbandistas.

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Qual o significado do ritual de Odé, momento em que os médiuns da corrente selecionados auxiliam?

É um rito de abertura de frequências. Estamos numa casa de Oxóssi, e dentro desta gama de frequência podemos encontrar faixas vibratórias diversas ou qualidades. Odé corresponde à frequência dos caçadores jovens. Está relacionada ao tipo de trabalho da casa e à mediunidade do dirigente. 

LINHAS

Quais linhas trabalham na casa? (oriente; cigano; baiano; malandros, entre outros).

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Qual a diferença entre as três linhas de Exu (das almas, da encruzilhada e kalunga)?

A linha das almas está ligada ao trabalho de consciência e resgate (os Pretos Velhos também atuam nela). As linhas de encruzilhada lidam com demandas, conflitos internos, externos e processo de libertação, que não deixa de ser de consciência também. As linhas de cemitério (Kalunga) lidam com a necessidade de transformação e desapego, o que não deixa também de trabalhar a consciência das almas (encarnadas ou não) que estão conectadas a esse padrão ou nível de consciência.

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GUIAS E "PARAMENTOS"

Qual o significado (e poder) das guias de trabalho dos médiuns da corrente?

As guias são elementos magísticos na Umbanda. São proteção e conexão com o Orixá ou com a Entidade espiritual. Qualquer pessoa pode usar uma guia de proteção, mas para o médium é um instrumento de trabalho.

Funcionam como barreira às más energias externas, conservando o médium em equilíbrio e conectando-o com a espiritualidade e, assim, criando um campo de proteção.

Na nossa casa, o seu uso deve ser na forma circular ao pescoço, ficando totalmente na frente do corpo e deverá ter uma altura tal que ultrapasse dois a três dedos o umbigo, dando proteção aos Chakras. Não usamos guias cruzadas ao corpo, com exceção do médium que trabalha na porteira, que usa guias específicas para tal fim.

Orienta-se colocar as guias apenas dentro do Orum (tablado) e retirá-las antes de sair / cruzar a porteira.

Para informações sobre os modelos de guias usados na nossa casa (material, cores, acessórios, etc.), clique aqui.

Por que os médiuns, antes de colocar suas guias no pescoço, beijam a “firma" e a tocam na testa? 

É a ativação do instrumento de trabalho e conexão com o sagrado. Em geral, a Umbanda possui uma ritualística simples e constituída de vários gestos significativos.

O beijar é um ato de amor e de entrega para o seu Orixá ou Entidade. Tocar a testa com a firma é uma forma de ativar o chakra frontal - de seu Orixá de frente. Também, ao circularmos a guia sobre a nossa cabeça, ativamos nosso Orí. É um gesto que deve ser feito com muito respeito e gratidão e significa que estamos prontos para o trabalho.

Quais são as guias básicas/obrigatórias indicadas pelo terreiro?

Oxalá (branca), de seu Orixá de frente e a de Exú (vermelha e preta) quando "vira-se" para a Esquerda. Para mais informações, clique aqui.

Em que circunstâncias o médium inclui outras guias além das iniciais?

É recomendável incluir a guia de São Miguel (azul escuro) e a geral da casa (transparente) para trabalhos nas linhas neutras. Poderá também acrescentar a guia de seu Orixá de Ajuntó e a(s) guia(s) específicas de sua(s) Entidades (caso elas solicitem). Porém, sempre avaliar a real necessidade das guias adicionais, optando pela simplicidade.

As guias diferentes das dos Orixás, indicadas por Entidades ou vindas de outras casas, só poderão ser usadas na casa mediante a aprovação do Pai de Santo.

Por que as guias são utilizadas somente depois do amaci, já que elas são feitas (ou fechadas) por médiuns que tem as mãos cruzadas?

Elas não são usadas só depois do Amaci. Caso o médium entre na Casa antes do Amaci, ele pode usar as guias, que serão cruzadas e imantadas.

Para se fazer uma guia, é necessário um preparo especial, além do material da própria guia (contas, firma, etc.). O médium deve estar de preceito, deve ser feita em cima de uma toalha branca (virgem/exclusiva para este fim), com uma vela palito branca ou na cor do Orixá da guia e, neste momento, ter muita concentração e bons pensamentos. Sem fechá-la.

O fechamento da guia é um processo ritualístico realizado por médiuns preparados para isso, já que, depois de fechada, ela deve receber o Axé de uma Entidade chefe.

No Amaci, suas guias e seu ori são novamente ativados e purificados.

É permitido usar outras guias de proteção, usadas no dia a dia, durante os trabalhos?

Sim, desde que compatíveis com as vibrações da Casa, mediante autorização do dirigente. Caso autorizado, não há necessidade de retirá-las para os trabalhos.

Além de guias, quais os elementos de proteção/trabalho são indicados para os médiuns iniciantes? (Patuá da esquerda?)

Não só para os iniciantes, mas para todos os médiuns, é indicado o uso do patuá dos Exús como elemento de força e proteção.

A faixa usada pelos médiuns, na cintura, é apenas um estilo/identificação? (Possui alguma relação ou proteção ao chakra umbilical?)

Ela não é obrigatória, mas é um elemento que identifica e portanto fortalece sua ligação com seu Orixá. Além disso, também induz a ampliação de sua vibração na força do seu Orixá, pois é um elemento físico que representa sua conexão com aquela força divina, reforçando sua ligação e proteção como um todo, inclusive com o chakra umbilical.

Qual o significado do uso da roupa branca (inclusive na gira de esquerda)?

Quando Caboclo das 7 Encruzilhadas fundou a Umbanda, determinou que os médiuns usassem uniforme branco para os trabalhos de Umbanda. Seguimos esta orientação por sua simplicidade e humildade, que são também orientações do Vô Benedito. 

Os simbolismos do uso de branco são vários, vamos colocar alguns como: que todos sejam vistos como iguais dentro da corrente, a serviço da espiritualidade, ficam do lado de fora personalidades, títulos, etc. Todos são iguais, todos vestem branco. A cor branca é o resultado de várias cores, portanto, vibra em todas as outras, reflete a Luz Divina. 

Quanto à gira de esquerda, vale lembrar que é uma linha da Umbanda e, como foi dito, seguimos todos nossos trabalhos com o uso do "branco". Na casa do Vô Benedito, mesmo o uso de elementos como capas, vestidos coloridos e outros adereços, não são utilizados, salvo exceções para algum tipo de trabalho específico, que são estudadas caso a caso (por exemplo, o trabalho de cobertura da capa de Seu Tranca Ruas).

Há terreiros de Umbanda que permitem que o uso roupa preta ou de outras cores e tipos para as giras de Exús, Ciganos, entre outros. Cada casa adota sua forma e isso não é certo ou errado, é somente a forma como cada casa se organiza com suas práticas e fundamentos. O nosso é da simplicidade.

Qual a razão dos pés descalços durante o trabalho? (Em muitas casas, quando há a incorporação de Exu, o médium trabalha de sapato, então, nesse ponto - pés descalços - há diferença com relação ao tipo de energia com que se trabalha?

Entendemos que os pés descalços conectam melhor com a energia da Terra. Pode funcionar como um fio terra que nos mantém firmes e equilibrados energeticamente durante os trabalhos. E isso vale para qualquer linha de trabalho, Caboclos, Exus e assim por diante.

Calçados trazem sujeira das ruas, física e astral, são um acúmulo denso de más energias, por isso deixamos os sapatos na entrada, para que não contaminem o resto da casa.

Caso o médium tenha problema com o ficar descalço, é permitido o uso de calçados que sejam apenas para este fim, isto é, só para ser usado no terreiro. Em dias de muito frio também é permitido o uso de meias e sapatilhas, de cor branca preferencialmente.

Caso seja necessário calçar os pés (por frio ou outra questão) há alguma recomendação aos médiuns iniciantes? (Por exemplo, o tipo de material usar no solado?)

Alpargata mais recomendado, porque tem solado de corda, isto é, não é plástica ou de borracha. Também é possível usar meia antiderrapante, ou outro calçado, procurando sempre que seja de material o mais natural possível, evitando borrachas que isolam o contato energético.

ENERGIAS

Quais os Orixás cultuados no terreiro? (E Odé, Egunitá, Nanã, Omolu?)

São cultuados (fazem parte do nosso culto) Oxalá, Oxóssi, Ogum, Xangô, Yemanjá, Oxum e Iansã. 

São reverenciados, isto é reconhecidos e saudados todos os demais Orixás, tais como Exú, Odé, Nanã, Omulú, Egunitá entre todos os demais.


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Por que os pedidos de oração, na parte inicial da gira, são encaminhados por São Miguel?

Pelo sincretismo São Miguel Arcanjo é considerado o patrono da Umbanda. Sua magnitude espiritual ao mesmo tempo nos inspira para agirmos de forma correta e nos protege dos inimigos. Por isso também há a recomendação do uso de sua guia.

Há uma razão para que as entidades de energia masculina “cheguem” ao terreiro antes das de energia feminina?

Por tradição e por fundamento mitológico, a energia masculina é a energia que inicia, é a energia ativa, por isso, as entidades masculinas vem primeiro, para firmar e estruturar. Isso não tem nada haver com sexismo.

Os trabalhos da gira sempre se iniciam com “passagem” para as energias e entidades de Ogum? Por quê?

Os Oguns são aqueles que abrem caminhos e também dão proteção. É um procedimento ritualístico de nossa abertura, feito antes da chamada das Entidades para o início dos trabalhos. 

Por que recebemos Nanã e Obaluaiê antes da Gira de esquerda?

Por tradição ao Rito de Abertura dos trabalhos na linha de Esquerda, saudamos os Orixás relacionados à transformação/evolução das almas. A morte é uma evolução, assim como a cura - ambas podem vir da mesma fonte: a doença. Na condição humana, a única certeza que temos é de que morreremos - nos transformaremos para evoluir. Dessa forma, como a linha de esquerda trabalha ligada à evolução/resgate/transformação de almas - que morreram para um plano e vão renascer em outro -, é um preparo para os Exús realizarem seus trabalhos, também de evolução e resgate, já que também, pela tradição de nossa ancestralidade na Umbanda, os Exús tem falanges nas linhas de Omulú/Obaluaê/Nanã, linha das almas, presentes em todas as dimensões. 


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Por que é comum girar ao sentir energias e vibrações ou no início do desenvolvimento de incorporações?

Não é um procedimento comum no nosso terreiro, mas são formas de trabalhar o alinhamento dos chakras para o processo de transe e incorporação. Muito comum no início do desenvolvimento mediúnico, pois em alguns casos também pode ajudar na incorporação. O movimento circular para facilitar o transe pode ser observado com os Sufis e em outras tradições.

Quando capitães ou médiuns da corrente auxiliam alguém que se desequilibra, em uma vibração ou incorporação, por que quem está auxiliando fica com a palma da mão virada para fora, ou seja, apenas encosta na pessoa auxiliada com o dorso da mão?

As palmas da mão são um terminal sensório/energético, o auxílio pode ser das duas formas para o médium: 1) usando-se as palmas quando é necessário uma intervenção energética e 2) usando o dorso quando é preciso que o próprio médium utilize sua fonte energética para encontrar seu próprio equilíbrio.

Qual a importância da trunqueira no terreiro?

Ela representa a nossa firmeza. É um ponto energético de proteção e força. É a “casa”de nossos Guias Guardiões, responsáveis também pela decisão de entradas de encarnados e desencarnados, daqueles que deverão ser acolhidos. Em suma, nossa sentinela.

Há necessidade/obrigação de saudar a trunqueira ao se entrar/sair no terreiro? (Se sim, como se deve fazer a saudação?)

Sim, devemos adotar uma atitude de cumprimento e respeito pelo trabalho dos Guias de proteção, sejam os de esquerda (Exús), quanto o de direita (Ogum de ronda). O cumprimento pode ser mental, pedindo licença e proteção com a saudação própria correspondente a cada firmeza. (Ogunhê! / Laroyê!)

Há necessidade/obrigação de saudar os guardiões em pontos na cidade, tais como cemitérios ou linhas de trens? Qual o significado ou a importância?

Não há obrigatoriedade, mas viver a Umbanda fora do terreiro é uma forma de nos mantermos conectados. Claro que não é preciso saudar os Exus em cada esquina que passamos. Mas nos pontos mais significativos sim é desejável. Por exemplo, quando se entra num cemitério, quando se entra num bosque ou mata, quando se vai ao mar. É um exercício de Fé e respeito, não só com os guardiões mas com todos os Orixás e Entidades e seus reinos de força.

Quando há um trabalho em que o dirigente queima “fundanga” (pólvora), é recomendado que os mediuns da corrente passem as mãos em volta de seu corpo (limpando-se)? Isso é importante ou necessário?

Quando se usa este material há um grande deslocamento energético o qual desacopla miasmas e outras energias densas. Decorrente disso, o movimento do corpo e braços no sentido de limpeza é aconselhável, tal como é feito no descarrego dos Orixás após a vibração das 7 linhas, para ajudar na retirada destes materiais.

Qual a razão e importância de elementos de trabalho, a exemplo de velas, cigarros, bebidas alcoólicas, ervas, fundanga (pólvora)?

Todos estes elementos são ferramentas de trabalho na Umbanda, seja pela força magística ou simbólica que fazem referência as forças dos quatro elementos da natureza.

A vela por exemplo se relaciona à Luz, iluminação, ampliação da consciência no plano magístico, como também se relaciona ao simbolismo do Fogo. E assim vai para cada elemento. Aqui não teríamos espaço para falar de todos e das suas propriedades magísticas. Mas são elementos fundamentais usados pelas Entidades nos trabalhos espirituais, sejam de limpeza ou de elevação espiritual.

Recomendamos a leitura dos textos da Mae Anna:

[1] Elementos de Liturgia - Altar e defumação

[2] Bebidas e fuma na Umbanda

Qual a razão/significado do “ponto riscado”?

É uma escrita magística cujo objetivo está em identificar a entidade e também criar um centro de força (mandala), o qual pode emanar quanto absorver energias. Além disso, quando uma entidade utiliza a magia da escrita divina, pode ser para fortalecer as forças necessárias para o trabalho que esta sendo feito naquela gira.

Para complementar ver o texto da Mãe Anna: Escrita mágica dos pontos riscados

Qual o significado da saudação para a “toalha” do ponto de abertura dos trabalhos (“Deus salve a pemba, também salve a toalha”)? Qual a importância ritualística da pemba e da toalha?

É um rito tradicional de saudação a coroa de Zambi (Emanação Divina), que faz referencia ao elemento Pemba que é a LUZ MATERIALIZADA, e a toalha que simboliza o local onde esta Luz está sendo dirigida. É uma referencia aos primeiros trabalhos de Umbanda de Zélio de Moraes que eram realizados em volta de uma mesa com toalha branca - simbolizando aqui o solo sagrado onde a Luz de ZAMBI será materializada.

BATER A CABEÇA

Qual o significado de "bater a cabeça"?

Bater cabeça é um ato de entrega. Significa oferecer a sua mediunidade, colocar à disposição o seu Orí para o trabalho que será desempenhado na Casa, por você e pelas entidades. É também um ato de humildade, de reverência diante de Deus, dos Orixás e dos Guias de Umbanda.

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(Também recomendamos a leitura do texto da Mãe Anna: Elementos de Liturgia na Umbanda (bate cabeça – consagração – imantação – cruzamento)

Qual a forma correta de se “bater a cabeça”? (ex.: apenas a testa encosta no chão ou há importância de também tocar as laterais e por quê? Há diferença ou necessidade de ser com o corpo todo esticado no chão?)

Bater 3 vezes a testa, uma para o lado direito, outra para a frente e outra para o lado esquerdo, saudando, assim, o Alto, a Direita e a Esquerda.

É recomendável, no momento do bate cabeça, que as mãos estejam juntas acima da cabeça e, ao final do rito, a pessoa bata três vezes para saudar o seu Orí.

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Sugere-se a leitura do texto da Mãe Anna: Elementos de Liturgia na Umbanda (bate cabeça – consagração – imantação – cruzamento

Qual a razão e a importância de “bater” a cabeça no chão ao final de uma incorporação, passagem ou vibração?

Primeiro, como sinal de respeito e gratidão por ter sido instrumento da Entidade que está se desacoplando e, segundo, como um forma de descarregar-se energeticamente pelo chakra frontal em contato com o solo (efeito fio terra). 

Deve ser um momento rápido, não é necessário deitar-se, mas é sempre feito de frente para o Congá com as palmas das mãos viradas para baixo.

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Sugere-se a leitura do texto da Mãe Anna: Elementos de Liturgia na Umbanda (bate cabeça – consagração – imantação – cruzamento)

É importante que se esteja virado para o congá ao bater a cabeça?

Sim, porque o Congá representa nossa fonte geradora de energia sagrada e espiritual. É um ato de reverência.

Qual a razão para a hierarquia do terreiro, ogãns e samba batam a cabeça em momento diferenciado dos médiuns da corrente, no início dos trabalhos?

Para que eles possam de antemão estar preparados para o trabalho.

PALMAS

Qual a importância do ritmo certo na batida das palmas ao longo do trabalho?

A palma é a emissão de um som, como qualquer instrumento. Tem sua faixa vibratória e é essencialmente um instrumento rítmico. A sua cadência gera frequência – frequência é energia – e, quando alinhadas, operam harmonicamente, complementando os pontos e ampliando a sua força, o que favorece a vibração, a manifestação dos guias e os sentimentos positivos que estamos exaltando. Elas demonstram como estamos enquanto corrente também.

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Sugere-se a leitura do texto da Mãe Anna: Interpretação de Pontos Cantados

Quando são feitas saudações (para as entidades que estão no terreiro; àquelas que subiram; ou – na parte inicial – quando são citados nomes de referência ou ainda “salve todos os pais de santo”, “salve todos os terreiros”; etc) são batidas apenas três palmas (para cada saudação)? Se sim, qual o significado?

É uma saudação de reverência, uma forma que novamente faz referência ao número 3, mágico e cabalístico, o qual possui vários significados na Umbanda: 

- 3 princípios da Umbanda - Fé, Amor e Caridade;

- 3 linhas de Umbanda: Preto-Velho, Caboclo, Eres = 3 fases da vida: infância, adulta e velhice;

- 3 Orís, de frente, ancestral e adjuntó;

- 3 mundos: Superior, Humano e Inferior;

- Santíssima Trindade (Olorum, Oxalá e Ifa - o Pai, o Filho e Espírito Santo).

Sugere-se a leitura do texto da Mãe Anna: Elementos de Liturgia na Umbanda (bate cabeça - consagração – imantação – cruzamento)