Hierarquia
Existem duas hierarquias em um terreiro: a física e a espiritual. Para a física, é mais fácil a identificação, dado que estamos falando de pessoas encarnadas que exercem suas funções de acordo com o papel que lhes foi confiado. Já na espiritual, cada linha possui uma hierarquia relacionada às falanges que trabalha em um terreiro. Muito provavelmente, elas seguirão a ordem hierárquica física, mas isso pode mudar quando falamos do campo astral.
Hierarquia Física
Antes de explicar sobre a hierarquia, é importante salientar que, apesar de a imagem ilustrar uma visão organizacional, os papéis são de servidão e não de imposição. Neste sentido, para que serve uma hierarquia dentro de um terreiro?
Normalmente, as pessoas que assumem funções específicas têm maior vivência dentro da religião e são referência durante o andamento do trabalho para quaisquer dúvidas que possam surgir. Por isso, são responsáveis por garantir que a condução atenda à filosofia da casa e das entidades-chefe. Além disso, exercem funções específicas durante a gira pelo simples fato de que muitas coisas acontecem em paralelo. Por isso, existem várias pessoas cuja responsabilidade é suportar e garantir a correta condução dos trabalhos.
Pai/Mãe de santo: Antonio V. Cardoso - Dirigente e responsável por todo o trabalho mediúnico realizado no terreiro. O papel do Pai de Santo vai muito além das quatro horas de gira, transpondo a todos os momentos de sua vivência. Isso porque, como líder de um grupo religioso, é preciso estar sempre atento aos seus pensamentos, aberto para consolar/suportar (sem limites) os seus filhos e aberto às mensagens e solicitações da espiritualidade. Todo Pai de Santo tem um compromisso espiritual, muitas vezes definido antes da encarnação, junto à Umbanda para poder realizar este tipo de trabalho. Normalmente, é a pessoa mais experiente em trabalhos mediúnicos e deve ser consultado sempre que é necessário tomar alguma decisão do direcionamento energético (ou trabalhos necessários) sobre e durante o andamento dos trabalhos do terreiro.
Pai e Mãe pequenos: Anna Ponzetta e Fabio Henrique - São os auxiliares diretos do Pai/Mãe de santo, sendo os segundos na hierarquia da casa. No caso de existir mais de um Pai/Mãe pequena, as responsabilidades do cargo são compartilhadas entre ambos. Na ausência do Pai de Santo, são responsáveis por assumir a condução da gira. Tem as mesmas exigências espirituais de um Pai/Mãe de Santo, porém, não são os dirigentes do terreiro.
Capitães
Corrente: Cristina (Titi), Carlos Eduardo, Paulo e Juliana - São os auxiliares do Pai/Mãe de santo e tem como uma das principais funções suportar o andamento da gira e garantir que os trabalhos aconteçam dentro dos princípios filosóficos da casa. Normalmente, são quem executam as "ordens" do Pai de Santo e ajudam médiuns novos na corrente a conhecer as energias trabalhadas durante a gira.
Curimba: Bernardo Maito, Carlos Furtado e Joana Monteiro - São os responsáveis por liderar a Curimba durante os trabalhos. Exercem, como principais funções, o direcionamento/escolha dos pontos a serem cantados, assim como de manter a concentração de todos e realizar a conexão com a hierarquia (Pais/Mães de santos) para determinar a fluidez energética que deve ser empregada.
Porteira: Guillaume - Responsável por guardar, proteger e organizar a passagem entre o terreiro e a área da assistência. A porteira é um símbolo de separação entre o sagrado e o comum (profano), portanto, é importante ter um medium para atuar como escudo à entrada de qualquer energia que possa ser nociva para gira. Por isso, fica a cargo deste médium decidir quando e quem pode passar pela entrada do congá.
Curimba: São os médiuns responsáveis pelos cantos durante a gira. São os artistas, podendo também ser chamados de Sambas (canto), Ogãs ou atabaqueiros. A sua função não se resume somente ao atabaque e ao canto, uma vez que, junto à musicalidade, utilizam as faculdades mediúnicas para garantir a fluidez energética durante o trabalho. São de suma importância, pois batem o bulbo energético e garantem a manutenção da magia durante os trabalhos. Já imaginou ficar concentrado durante quatro horas para executar o trabalho mediúnico sem música para guiar os seus pensamentos?
Corrente: Na corrente estão todos os médiuns (pessoas que vestem o branco) do terreiro. A corrente é um termo amplo e, na realidade, engloba todas as funções mencionadas acima. São responsáveis por receberem os guias e darem passagem para que passes e consultas aconteçam. Como cada pessoa tem a sua mediunidade, nem todos tem a faculdade de incorporação. Por isso, a corrente é responsável por garantir que exista a proteção enérgica do centro dos trabalhos (Congá) com a assistência. Esta é uma das razões da denominação "corrente", pois realizam um isolamento energético para as pessoas que vieram ser assistidas. Além disso, cada pessoa representa um elo e, em outro sentido, significa que o bom resultado de um trabalho depende de cada uma desses pessoas. Uma gira não é boa/ruim somente por causa do Pai de Santo ou algum médium em específico, mas sim pelo grupo como um todo que está garantindo em pensamento a manutenção energética, de forma a possibilitar a aplicação do amor e da caridade. Isto explica por que é importante a participação dessas pessoas nos cantos e palmas, para ajudar a manter a vibração, assim como se manter concentrado. Para seguir as instruções dadas à corrente do Vô Benedito, clique aqui. Existem algumas funções dentro do terreiro que vamos detalhar um pouco:
Médiuns de toco: São os médiuns autorizados a prestar consulta durante a segunda parte do trabalho em uma gira. São pessoas cujas entidades estão "firmadas" e possuem autorização das entidades-chefe da casa para trabalhar. Pelo fato de estarem nesta função, são médiuns que possuem maior responsabilidade junto à espiritualidade e tem compromisso com todo o trabalho que está sendo executado. Lembrando que a espiritualidade é algo vivido diariamente e não somente durante o dia de gira. Portanto, são pessoas que estão diariamente em contato com os guias, recebendo informações para o autodesenvolvimento e coletivo.
Cambones: São os médiuns auxiliares dos médiuns de toco. Apesar de não expressarem a faculdade de incorporações durante as consultas, tem a responsabilidade de utilizar a intuição e servir como ponte entre as instruções dos guias aos consulente. Para orientações aos cambones da casa, clique aqui.
Médiuns de passe: São médiuns cuja as entidades não estão firmes suficientes ou não tem a autorização das entidades chefe para prestar consultas, porém já tem desenvolvimento mediúnico suficiente para aplicar passes.
Assistência: São as pessoas que atendem à gira para serem assistidos e permanecem fora do congá, ou seja, são aqueles que buscam a Umbanda para se iluminar, por conselhos, por um ombro amigo, por compreensão, por luz, paz e amor. São o principal foco de um trabalho de Umbanda por se tratarem, normalmente, dos mais necessitados. Existem algumas orientações para a assistência, que servem como guia para estar presente em um terreiro. Por exemplo, apesar da Umbanda ser alegre e musical, o terreiro é um lugar sagrado, de maneira que é importante evitar roupas muito curtas ou decotadas (tanto para homens e mulheres), preferir a utilização de roupas claras, evitar conversas muito altas que atrapalhem a condução dos trabalhos e estar de mente aberta para que os guias possam atuar na cura da melhor maneira possível. Desde o momento em que se entra em um terreiro, cada pessoa já está sendo trabalhada. Para mais orientações, clique aqui.
Hierarquia Espiritual
A hierarquia do terreiro pode ser vista em três partes: entidades chefe, linhas de trabalho e patronos.
Entidades chefe
A hierarquia das entidades chefe segue a hierarquia física do terreiro. Ou seja, primeiro são as entidades do Pai de Santo, seguidas pelos guias do Pai/Mãe pequenos e em sequência dos Capitães. São responsáveis por direcionar a gira e garantir que o trabalho necessário esteja sendo realizado.
Primeiramente, com relação às entidades que trabalham com o Pai de Santo:
Vô Benedito (Preto velho) - Vó Maria Tereza (Preta velha) e Fernandinho (Erê);
Caboclo Araribóia (Oxóssi);
Ogum Naruê (Ogum);
Caboclo Sete Montanhas (Xangô);
Exu Marabô / Rosa Caveira (Pomba Gira);
Tranca Ruas (Exu) e Sete Catacumbas (Exu);
Zé Pilintra (Malandros);
Zé Mineiro (Boiadeiros, Baianos, Interioranos, Gaúchos, etc);
Capitão Giusepe (Marinheiros);
Paco (Ciganos);
Mestre (Oriente).
Em seguida, as entidades que trabalham com os Pais pequenos:
Pai Fábio:
Pai Tobias (Preto velho);
Caboclo Tupinambá;
Tranca Ruas (Exu).
Mãe Anna:
Vó Cambinda (Preta velha);
Cabocla Jurema;
Tranca Ruas (Exu).
Com relação aos Orixás, seguem a ordem de composição do Pai de Santo: Oxóssi (Oxalá como “carreiro” ou parceiro de Oxóssi), Iemanjá, Ogum, Oxum, Xangô e Iansã.
De forma geral, todas as entidades trabalham em duplas na casa. Por exemplo, há uma parceria espiritual entre as entidades do Vô Benedito com o Pai Joaquim; do Caboclo Araribóia com o Caboclo Tupinambá; do Seu Naruê com Seu Akuan e Megê; do Exú Marabô com Tranca Ruas.
Patronos
Existem também entidades patronas do terreiro. Não compõem a hierarquia e não tem médiuns para a incorporação, mas estão presentes durante o trabalho, fornecendo proteção e amparo para quando necessário. São eles:
Caboclo Seta Branca, patrono da Casa, porém não é uma Entidade de trabalho incorporado;
Caboclo Apu Q'inti, patrono da Curimba;
Caboclo Akuan, reverenciado pela ancestralidade da casa (Terreiro do Pai Maneco).