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Quem é o malandro?
É aquele que faz o bem, que quer o bem e que ainda assim gosta de brincar, gosta de dançar, gosta de namorar, gosta de jogar, mas sem enganar, sem mentir, sem roubar, bom malandro.
É aquele que vai realmente trazer um pouco de descontração para sua vida, que vai ajudar você a entender também a sua sombra, o seu lado negro, ajudar você a deixar de ser tão preconceituoso com relação ao outro, na linha de Malandro temos os malandros dos malandros que é Seu Zé Pelintra. Agora, há de se tomar conhecimento: quem é Seu José Pelintra? José Pelintra é homem de história conhecida que nasceu no Pernambuco, foi para o Rio de Janeiro e depois voltou para Pernambuco.
Zé Pelintra em vida era um mestre de Jurema, de uma família de Juremeiros.
Quando ele vai para o Rio de Janeiro a imagem que a gente tem é de Zé Pelintra morando naquela região da Lapa se envolvendo com o samba, com as músicas, com as mulheres, com a boemia e ao mesmo tempo sendo um rezador, um mestre de Jurema que se torna um boêmio, um malandro, alguém ligado ali àquela ideia do samba, da comunidade e que mostra que mesmo, que nessa vida simples de comunidade, de alegria, de samba, de cerveja, de jogo, no sentido de acreditar na sorte, também há uma boa boemia no sentido de bom ou ruim está a intenção do que você faz, então dançar, cantar, brincar, como fazem as crianças, dançar como fazem os Ciganos, descontrair como fazem os Baianos.
O Malandro tem um pouco de tudo isso, então Seu Zé Pelintra, Seu Camisa Preta, essa malandragem, e esses malandros representam algo de bom pra gente, de descontração, de crer na sorte e também de uma cultura, de uma religiosidade popular, essa é uma linha de malandro que está chegando, que está se apresentando.
Seu Zé Pelintra é o mestre da jurema que se apresenta a partir do Rio de Janeiro como Malandro, mas que vem do Nordeste pra cá como Mestre da Jurema, Seu Zé Pelintra é um dos mais conhecidos mestres da Jurema no Catimbó ou se preferir na linha de Jurema: Mestre Zé Pelintra.
Na Umbanda Zé Pelintra incorpora como Malandro, Zé Pelintra incorpora como Preto Velho, Zé Pelintra incorpora como Baiano, Zé Pelintra incorpora na linha que lhe der abertura. E diz: “Zé Pelintra trabalha na Direita e na Esquerda” porque ele não é nem da Direita e nem da Esquerda, então ele trabalha tanto junto do Baiano, do Marinheiro porque trabalha em qualquer linha, às vezes, em alguns Terreiros, Zé Pelintra trabalha junto dos Caboclos, depende do Terreiro, por ele ser um mestre e trabalhar junto com os Exus é considerado quebrador de demanda.
Podemos encontrar com Seu Zé trabalhando na Direita, trabalhando na Esquerda, há Terreiros inclusive que Zé Pelintra coloca o chapéu viradinho pra direita quando está trabalhando na Direita, viradinho pra esquerda quando está trabalhando na Esquerda.
No Catimbó na linha da Jurema se diz: Trabalhando com fumaçadas a Direita e com fumaçadas a Esquerda porque a divisão não é tão clara de linhas da Direita, linhas da Esquerda.
Na Umbanda, linhas da Esquerda são as linhas de Exu, Pombagira e Exu Mirim, linhas da Direita: todas as outras, mas temos Caboclo Quimbandeiro, Caboclo de Direita que quebra demanda; Preto Velho é Direita, mas você tem Preto Velho Quimbandeiro, Baiano é da Direita, mas, você tem Baiano Cangaceiro; Marinheiro é da Direita, você tem um Marinheiro Corsário; Cigana é de Direita, mas você tem os Guardiões dos Ciganos e os Ciganos de Esquerda ou Exus Cigano e Pombagira Cigana, então Seu Zé Pelintra vem trabalhando na Direita e trabalhando na Esquerda, mas ele não é Esquerda, ele não é Exu, mas ele trabalha também cortando demanda, quebrando demanda, essa é a questão.
Seu Zé Pelintra é aclamado, é amado, é louvado, é muito conhecido na Umbanda e quando trabalha na Esquerda ele trabalha junto com os Exus, mas daquele jeitão dele.
Certa vez, uma pessoa falando num programa de televisão sobre Umbanda e por algum motivo o assunto foi para Zé Pelintra e alguém falou assim: “Ué, mas Zé Pelintra não é um espírito que quando encarnado, ele foi boêmio, malandro, mulherengo. Ué, então, o que é que a gente tem que aprender com um espírito desses?”, é a pergunta que ficou no ar em rede nacional, desqualificaram Zé Pelintra em rede nacional porque ele foi boêmio, mulherengo, malandro, desqualificaram.
E você?
Quem é você pra desqualificar um espírito que você não sabe quem é porque isso é um arquétipo?
Houve um homem chamado Zé Pelintra, mas há milhares e milhares de Zé Pelintras que estão sob um arquétipo. Agora, aquele homem que foi boêmio, que foi malandro, que foi jogador, que viveu com as mulheres, que foi o símbolo do malandro, esse homem viveu, sorriu, cantou, dançou, chorou, sofreu, viveu, ele tem experiência de vida, não foi alguém que passou a vida inteira enclausurado, que não viveu que não sofreu que não fez nada.
Não foi alguém que é considerado santo, mas que passou pelas experiências da vida, então esse homem que tem o arquétipo do boêmio, do malandro, é o arquétipo de quem viveu.
Assim como o Baiano viveu, o Boiadeiro viveu, o Marinheiro viveu o Exu, principalmente o Exu e a Pombagira, tem arquétipos de espíritos que viveram que tiveram experiência na vida, então, eles podem nos entender. O que ele tem para me ajudar? Ele tem como me ajudar porque ele entende os meus problemas porque ele passou pelos meus problemas, ele viveu as mesmas situações.
Não importa se ele tem ou não luz, o que importa é que ele me entende e se ele errou, ele teve oportunidade de errar, desencarnar, olhar a vida de fora e falar “Nisso eu podia ter sido melhor, então, vem cá, meu filho: nisso, nisso, nisso eu errei e agora eu estou aqui pra lhe dizer como fazer melhor pra você não cometer os mesmos erros que eu”, ninguém chega à luz sem passar pelas trevas, ninguém acerta sem antes ter errado.
Então, vamos acabar de vez com essa hipocrisia que “Ai esse espírito ele era um boêmio então não vou, não tem nada pra me ensinar”, ele tem pra te ensinar porque ele viveu, ele aprendeu, ele sofreu, ele errou. O que eu tenho pra aprender com Exu? Tudo. Porque ele é alguém que reconhece os seus erros, os seus vícios, as suas dificuldades e tem algo pra ensinar. Pombagira não é meretriz, prostituta, mulher da vida, Pombagira é uma entidade de Umbanda.
A prostituição diz respeito a vender o corpo, não é da nossa conta o que um faz ou deixa de fazer com seu corpo, não é da nossa conta. Se prostituição é vender o corpo, como que é Pombagira vai vender se ela não tem mais corpo, ela é espírito, não tem nada pra ela vender, não tem corpo mais e não é obsessora sexual. Exu não é obsessor, não é ladrão, não é bandido, vai roubar o quê?
Ele não está mais encarnado, não tem mais nada pra ele roubar. “Ah mas na outra vida eles foram...” e você foi o que na outra vida? Quem garante que nunca foi ladrão, que nunca foi bandido, que nunca vendeu o corpo? Que inclusive o problema não é vender, o problema é o vício nesse campo.
E não só o vício nesse campo, o vício em todos os campos. Comprar ou vender o corpo é um problema menor ainda que o outro problema maior, que é o vício, o problema social, que é como aquela pessoa põe comida na mesa da casa dela, problema dela, problema dele, mas, daí trazer esse preconceito e jogar em cima da Pombagira porque ela representa a mulher altiva, a sensualidade, não a vulgaridade, é hipocrisia e falta de conhecimento.
Exu representa aquele que desce nas trevas, mas ele não é trevas, ele é guardião da luz, guardião das trevas, mas ele não é trevas. Ele vai às trevas ajudar aquele que já está pronto para sair de lá.
Ele pode ser luz, mas não tem obrigação de ser luz, ele trabalha pela Lei, Pombagira também. Então, antes de apontar o dedo para o outro, já tem três dedos apontando pra gente e lembre-se: você aponta no outro defeito que você carrega e alguns que você gostaria de viver e não teve coragem.
Vício eu enxergo no outro o que eu tenho.
Preconceito é uma ideia pré-concebida daquilo que eu não consegui entender sobre a vida. Então, com todo mundo a gente tem algo a aprender, se não tem algo a aprender, tem algo pra ensinar.
Preta e amarela
Flores: cravo vermelho e branco (flores variadas vermelhas, brancas, amarelas)
Frutas, alimentos e ervas: coco verde ou seco, rapadura, petiscos variados (amendoim com e sem casca, tremoço)ervas: arruda, guiné, alecrim, folha de laranja.
Elementos: cigarro, cachaça, cerveja, chapéu panamá.
[1] Blog da Anna Pon: Linhas de trabalho da umbanda